Monday, December 3, 2007

Crédito.... você tem???

Conversando com minha mãe e depois com alguns amigos esse assunto veio à tona e achei interessante postar por aqui.

Uma das coisas mais atraentes para quem mora aqui nos Estados Unidos é a facilidade de se adquirir coisas, pois além de serem mais baratas (principalmente bens de consumo, como eletrônicos, muitas roupas, carros, etc), normalmente são vendidas em muitas prestações bem baixinhas, permitindo que qualquer um possa comprar praticamente tudo. Não que isso não seja possível no Brasil, apenas existe uma grande diferença nas taxas de juros utilizadas.

Aqui a taxa de inflação anual gira da na casa dos 3% ao ano, e no Brasil 4,5%aa (meta para 2007), mas a diferença monstruosa mesmo está na taxa de juros do crédito pessoal, na modalidade de financiamentos para eletrodomésticos, por exemplo a taxa média no Brasil é de 53% ao ano e por aqui uma taxa de 12% aa é considerada altíssima (nem vou citar o cheque especial que passa dos 180%aa em alguns bancos).

Tenho certeza que até agora não falei nenhuma novidade para ninguém, mas uma coisa que não se menciona é o acesso ao crédito.

Nos EUA existem 3 grandes bureaus de crédito, que recebem relatórios das empresas de serviço públicos (água, luz, gas, etc), e das instituições de crédito (cartão de crédito, financiamento imobiliário, etc). Apartir dessa informações, são gerados relatórios que as empresas que emprestam dinheiro podem acessar e basear suas decisões de acordo com uma pontuação definida por cada bureau de crédito.

Agora vem a parte mais interessante: no Brasil os principais dados analisados pelas instituições de crédito são a quantidade de dinheiro (ou bens) que você já possui e o histórico de crédito já contraído e assim quem tem mais dinheiro, tem mais crédito. Já por aqui a análise é baseada principalmente na pontualidade com que os pagamentos são feitos, ou seja se você é um bom pagador é reconhecido pelo seu histórico e consegue uma boa linha de crédito.
Um bom pagador também é recompensado pelo valor dataxa de juros mais baixa. Um financiamento imobiliário pode variar de 4,5%aa para um "bom pagador" até 14%aa para quem tem uma pontuação baixa.

O grande benefício é que mesmo pessoas com poucas garantias (mas bons pagadores), tem condições de alavancar um montante financeiro significativo e com juros atrativos e assim o volume finaceiro circulando é muito grande.

A beleza é que com taxas de juros baixas, as pessoas conseguem pagar os financiamentos mais rápido e existe mais dinheiro em circulação para se contruir coisas ao invés de pagar instituições financeiras.
Ou seja, as pessoas endividadas realmente movimentam a economia :)

Na minha opinião, esse é o modelo ideal de análise e obtenção de crédito, uma forma muito mais democrática de avaliar e recompensar os bons pagadores. Depois de entender esse modelo, fiquei um pouco mais feliz e compreendi melhor a compra do SERASA pela Experian no inicio desse ano e quais o beneficios em se adotar um sistema eficaz de gerenciamento de crédito.
Para quem não sabe, a Experian é a maior empresa do mundo no setor de gerenciamento de crédito e pretende implementar um sistema bastante similar ao que vem sendo utilizado na Europa e Estado Unidos para o crédito pessoal brasileiro. Esse sistema da Experian já é bastante utilizado no mercado corporativo no Brasil e é só uma questão de tempo para chegar ao consumidor final.
Vamos precisar ser muito mais sérios com nosso crédito pessoal, pois um pequeno deslize como um cheque sem fundo, nome no SPC ou mesmo o esquecer de pagar uma conta em dia pode afetar a pontuação por até 7 anos, e com isso todas as taxas de juros de qualquer financiamento nesse período.

No final acho que será um passo importante para o amadurecimento financeiro do consumidor brasileiro.
Espero que esse post pelo menos sirva como um alerta para o que vem por aí :)

Abraço, Ayala

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